NO RITMO DO CORAÇÃO. EP. 03

NO RITMO DO CORAÇÃO
CAPÍTULO 3
"Vem jantar aqui..."





É muito triste saber que, o que eu vejo hoje, não verei mais.


Saber que um dia meus olhos não verão mais o que eu vejo hoje, saber que meus sentidos me trairão.


É triste, pois é um sentimento de impotência saber que um dia não poderei mais te ver como te vejo hoje, e não poderei fazer nada para mudar isso.


Eu olharei pra você e não te verei mais.


Vou olhar em seus olhos, e seu olhar não será mais o que hoje eu considero o mais lindo do mundo.


Olharei seu sorriso e ele não será o mais perfeito de todos.


Meus poemas não serão mais sobre você…


Meus delírios não terão mais o seu rosto…


Meus pensamentos perderão o seu cheiro e a maciez dos seus cabelos serão apenas uma lembrança…


Devo me alegrar? Hoje eu posso ver isso. Hoje eu consigo ver que você é tão perfeito. Posso sentir isso.


Não me diga que o erro sempre foi do meu olhar… É impossível, pois estou vendo agora tão perfeitamente... Não me diga também que você mudará. Não acreditarei nisso.

Eu sei que meus olhos perderão a visão. Mas eu vejo hoje, eu vejo agora.




CAPÍTULO 3

Estava muito concentrado editando meus layouts. Não queria atrasar mais as minhas entregas. Desde pequeno eu curtia muito ler. Lia o que via pela frente. Quando estava na adolescência comecei a fazer artes para os livros da editora do pai de um amigo. Eu tinha talento para coisa. Hoje, sou contratado deles e trabalho em casa. Estava concentrado nas minhas coisas quando ouvi uma música absurdamente alta vindo da parte de traz da minha casa. Fui até a janela da sala que estava aberta. Parece que o som vinha de uma janela do vizinho. Que som absurdamente alto... Um ódio me subiu, mas não fui capaz de tomar alguma atitude além de fechar a janela.
Meia hora se passou e o ódio não cabia mais em mim. Fui até a janela e debruçado ali gritei como um maluco: "DESLIGA ESSA PORRA!!!", não passou dez segundos e eu já ia gritar novamente, mas parei na metade da frase quando vi a imagem daquele loiro. Que cara de afronta era àquela dele, pra mim?
_Só podia ser...
_O que você quer?
_Pra que esse som alto desse jeito?
_Por que não?
_Eu estou tentando me concentrar aqui!
_E não consegue por causa da música? OK. Eu troco de música.
_Ahhh... *desiste* só poderia abaixar por favor?
_É claro.
_É... OK então... *meio surpreso* obrigado.
_Não há de que...
Ele falou comigo de uma maneira tão graciosa, que senti vergonha pelo modo que gritei com ele...
Sentei dois segundo e pude ouvir bem baixinho o som de um violino. Fui até a janela e consegui ver dentro do quarto dele, sua silhueta de costas, com a cabeça levemente encostada no instrumento...
"Isso é... Realmente bonito..."
Apoiei os cotovelos no batente da janela e fiquei admirando aquele garoto enxerido sendo tão lindo naquele momento... Ele percebe que estou ali ao se virar lentamente. Interrompe a música e olhando pra mim pergunta:
_Ainda muito alto?
_Me desculpa pela maneira que gritei antes...
_Estava realmente alto o som...
_Você toca muito bem...
_Obrigado, mas não precisa ser gentil comigo por isso.
_Não estou sendo por isso, estou sendo porque não quero ser babaca com as pessoas.
_Ah, entendi. *sorri graciosamente* então somos vizinhos...?
_É... Parece que sim. E colegas de classe.
_É. Parece que sim. Achei que tivesse que estar se concentrando em algo importante pra você, não em um loiro tocando violino.
_Haha... É que você chamou minha atenção. Mas já está quase na hora do jantar mesmo... Eu vou dar uma pausa.
_Posso saber no que?
_Eu trabalho em casa.
_Sério? Que legal... E o que faz?
_Ah, muitas coisas. Você também não vai jantar? Por que não vem comer aqui hoje e eu te mostro umas coisas?
_Seu pervertido!
_O que??? Não! Estou falando de coisas do meu trabalho seu idiota!
_OK. Você está conseguindo ser muito gentil. (riso) vou pegar um casaco e já estou indo.
Continua.

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